A história da indústria da música pode ser resumida como uma sucessão de obsolescências e renovações de produtos. Há 70 anos, os discos de vinil (também conhecidos como Long Play), revolucionaram o setor pela capacidade de reprodução em elevada escala, com razoável qualidade sonora, design icônico e funcionalidade. Entretanto, apenas 30 anos depois, no final da década de 1980, a invenção dos Compact Discs – com suas capacidades ainda mais robustas, durabilidade e clareza sonora – transformou os discos de vinil em objetos obsoletos, causando seu desaparecimento das lojas.
Nos últimos 20 anos, a receita geral da indústria da música nos Estados Unidos diminuiu significativamente, partindo de US$ 21,5 bilhões em receita total em 1999 para cerca de US$ 7 bilhões em 2009, mantendo-se neste patamar até 2015. Tal queda é amplamente atribuída à revolução digital – iniciada pelo Napster, possibilitada pelo formato mp3 e ampliada pelo iPod – bem como ao consequente aumento da acessibilidade da música barata, gratuita e, em alguns casos, até mesmo ilegal. Downloads digitais em mp3 passaram a ser então o formato hegemônico na indústria, mas tal supremacia durou pouco e também não contribuiu para uma recuperação relevante do mercado fonográfico.
Em 2015, houve nova mudança significativa no setor. Nova onda revolucionária chegou com a popularização dos smartphones e a melhoria da qualidade da Internet móvel. Surgiram então os serviços de streaming, possibilitando ouvir músicas em tempo real, sem necessidade de download. O serviço se tornou o principal impulsionador da recuperação da indústria. Em 2017, as receitas de streaming cresceram mais de 40%, compensando as quedas nos downloads digitais e nas vendas tradicionais baseadas em CDs e LPs. Ressalta-se que o novo modelo de negócios é bastante atraente, sem necessidade de produto físico ou rede de distribuição. Além disso, há receitas recorrentes com assinatura, ao invés de compras esporádicas e erráticas. Trata-se da nova arena competitiva fonográfica, ainda com muita incerteza sobre sua relevância financeira.