New real estate bubble?

August 5, 2019

Imóveis são ao mesmo tempo investimentos e ambientes adquiridos para usufruto pessoal, a complexidade na trajetória de seus preços não é simplesmente influenciada por condições tradicionais de oferta e demanda. A bolha imobiliária norte-americana em meados de 2008 é um exemplo claro de preços impulsionando o mercado: naquele contexto, o rápido aumento dos preços dos imóveis e a expectativa de que continuariam a subir provocaram um boom especulativo nos preços, com operações de alavancagem financeira. Naturalmente, em algum momento houve colapso de preços na crise imobiliária e hipotecária que se seguiu.

As lições da crise financeira dos anos 2008-2009 foram dolorosas e profundas. Medidas governamentais e reformas legislativas foram implementadas para tentar evitar a repetição do desastre. Por outro lado, embora exista um consenso geral de que estamos mais seguros hoje do que estávamos há uma década, é difícil ter plena certeza de que o risco foi realmente mitigado nos sucessivos ciclos econômicos.

Após dez anos da grande recessão, os preços dos imóveis estão novamente subindo, e rapidamente. Os valores já alcançaram seus patamares pré-crise, na maioria dos mercados. No Canadá e na Nova Zelândia, por exemplo, os imóveis não somente se recuperaram, como agora estão 40% acima do pico anterior a 2008.

Alguns acreditam que a valorização atual é real e não especulativa, relacionando a atual alta de preços à demanda crescente por moradias, aliada a uma oferta aquém da necessária. Além disso, as hipotecas estão crescendo mais lentamente do que no período que antecedeu a crise, e não há evidências de “excessos simultâneos” integrando empréstimos financeiros e crescimento do setor de construção civil.

Estamos diante de uma possível nova crise financeira global devido a bolha imobiliária? Aparentemente, não. Apesar de preços de habitação supervalorizados com iminente risco de colapso em algumas cidades, tais eventos não parecem ser suficientes para reflexos significativos e impactos similares aos ocorridos em 2008.