Paradox of Overlapping Generations

February 1, 2019

Desde meados do século XX, a expectativa de vida vem aumentando rapidamente, muito devido às mudanças nos padrões de vida e aos avanços na área da saúde. Em média, a cada década, são acrescidos 3 anos à expectativa de vida global. Enquanto o aumento da longevidade é um avanço muito positivo para qualidade de vida dos indivíduos, também tem um impacto significativo sobre a composição tradicional de nossas sociedades e sistemas de proteção social.

Quanto mais longa é a vida, mais se torna necessário repensar o modelo de sustentação social e econômico para garantir o bem-estar dos cidadãos ao fim de suas trajetórias profissionais. Analisando oito dos maiores sistemas de pensão do mundo, observa-se que o déficit na poupança para a aposentadoria foi de aproximadamente US$ 70 trilhões em 2015. Essa diferença representa cerca de 1 1/2 o PIB anual destes países. Segundo projeções do Fórum Econômico Mundial (WEF), a diferença crescerá 5% a cada ano, chegando a US$ 400 trilhões até 2050. Além da longevidade, tal déficit é acelerado pela redução da taxa de natalidade, nível de informalidade, e baixa preocupação e competência da população em poupar.

No Brasil, até 2050, a expectativa de vida projetada ultrapassará 80 anos, a proporção de idosos para população em idade ativa dobrará e o número de idosos triplicará. O país se aproxima velozmente da insolvência fiscal, justamente pelo aumento acelerado do déficit previdenciário.

Como em todas as áreas de políticas públicas, os desafios são numerosos e a resistência à mudança é alta. Sistemas de aposentadoria têm foco no longo prazo e mudam muito lentamente. Nesse contexto, torna-se fundamental a direção do movimento de correção da trajetória deficitária, contemplando os impactos no bem-estar social dos aposentados atuais mas, principalmente, viabilizando o cenário fiscal de longo prazo do país.