O número de startups de tecnologia cresce continuamente, sustentado por bilhões de dólares em
recursos disponíveis para investimentos de risco. No entanto, desde suas fundações, poucas startups
se mostram lucrativas. Mesmo assim, investidores ainda não parecem estar tão preocupados. Algo
intrigante, portanto, apresenta-se: crescentes e substanciais fluxos de caixa negativo sem perspectivas
de retomada. Por que?
Naturalmente, algumas startups estão atuando em fronteiras ainda pouco conhecidas, inclusive
próximas a centros avançados de pesquisa na academia, no governo e em grandes empresas. A baixa
probabilidade de êxito é proporcional ao elevado retorno em caso de aceleração da tese de investimento.
Outras startups estão justamente buscando eliminar atritos, assimetrias e outras ineficiências de
mercado, buscando efeitos de rede suficientes para alcançarem escala compatível com seu modelo
operacional altamente dependente de consumo de caixa. Também existem simplesmente as bolhas e
as ondas sem qualquer racionalidade associada. Afinal, o mercado de capitais é menos cartesiano do
que se imagina a princípio.
O “efeito Amazon” é convenientemente lembrado para justificar teses consumidoras de bilhões de caixa.
De qualquer forma, a Amazon ainda é uma exceção, talvez fortuita, à simples regra de gestão de finanças
empresariais: Receita é vaidade. Lucro é sanidade. Caixa é realidade. Em início de 2020, o mercado de
capitais global parece estar prestes a aprender novamente esta clássica lição.